Hoje
joguei fora a minha caixa verde.
Ela ocupava muito espaço no meu guarda-roupa.
Mas era em mim que ela mais pesava. Cheia de cartas, poemas, palavras e cartões
velhos. Guardá-la sempre foi a certeza de que tudo que eu não queria esquecer e
que um dia foi meu ainda o era. Que bobagem, pode pensar você, leitor. É bem
verdade, aquilo que deixou de ser meu não sobreviverá só porque ainda guardo o
pó de certas flores, ou papeis com palavras esquecidas e desgastadas datadas de
anos atrás. É verdade.
Hoje
joguei fora a minha caixa verde. Chorei, é verdade, não de tristeza, talvez pela
despedida, agora, definitiva. E fiz pedacinhos do que foi meu. Até
sorri, ah, sorri ao final quando vi a pilha toda no canto do quarto. Foram
muitos anos tentando entender que já era tempo de me desfazer da minha caixa e
fazer dela uma caixa, com artigo indefinido e sem possessivo.
Pronto,
hoje joguei fora uma caixa verde. Joguei fora a caixa, mas continuo guardando
no peito um aperto doído, não de tristeza, não! De saudade. Mas como um amigo
me escreveu certa vez: "Eu não vou esperar o que não existe, o que pode
existir, eu vou colher o que está para ser colhido (...) Esse é o amor, de nada
adianta falar dele".
Hoje
joguei fora uma caixa verde porque é o último dia do ano e os 365 dias que virão
precisam ser mais leves.
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Gente, feliz ano novo <3 Não faço nenhum ritual, mas acredito que sempre é tempo de recomeçar. Joguem suas caixas verdes fora e se permitam ser muito felizes!