Image Map

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Faxina



Hoje joguei fora a minha caixa verde. 
Ela ocupava muito espaço no meu guarda-roupa. Mas era em mim que ela mais pesava. Cheia de cartas, poemas, palavras e cartões velhos. Guardá-la sempre foi a certeza de que tudo que eu não queria esquecer e que um dia foi meu ainda o era. Que bobagem, pode pensar você, leitor. É bem verdade, aquilo que deixou de ser meu não sobreviverá só porque ainda guardo o pó de certas flores, ou papeis com palavras esquecidas e desgastadas datadas de anos atrás. É verdade.

Hoje joguei fora a minha caixa verde. Chorei, é verdade, não de tristeza, talvez pela despedida, agora, definitiva. E fiz pedacinhos do que foi meu. Até sorri, ah, sorri ao final quando vi a pilha toda no canto do quarto. Foram muitos anos tentando entender que já era tempo de me desfazer da minha caixa e fazer dela uma caixa, com artigo indefinido e sem possessivo.

Pronto, hoje joguei fora uma caixa verde. Joguei fora a caixa, mas continuo guardando no peito um aperto doído, não de tristeza, não! De saudade. Mas como um amigo me escreveu certa vez: "Eu não vou esperar o que não existe, o que pode existir, eu vou colher o que está para ser colhido (...) Esse é o amor, de nada adianta falar dele".


Hoje joguei fora uma caixa verde porque é o último dia do ano e os 365 dias que virão precisam ser mais leves. 


----------------
Gente, feliz ano novo <3  Não faço nenhum ritual, mas acredito que sempre é tempo de recomeçar. Joguem suas caixas verdes fora e se permitam ser muito felizes!